Tese, antítese e síntese

As três palavras que titulam este artigo são muito conhecidas por alunos que, um dia, produziram um Trabalho de Conclusão de Curso(TCC), que ainda é o terror em graduações por aí. Evidentemente, essa abordagem exclui a maioria da nossa população, tendo em vista o, ainda, relativamente restrito acesso às universidades. Sim, se consideramos os índices de população existente sobre os graduados brasileiros. No entanto, tais palavras em comento podem ser resumidas em uma única: argumento. Analisando com cautela, vemos que as inúmeras, e por vezes violentas, discussões que ocorrem em todos os grupos sociais, surgem em função da deficiência em argumentar. E isso se agrava quando interpretarmos as notícias disseminadas pela mídia e pela TV aberta. Se pensarmos que os noticiários são produzidos por empresas, concluímos que as mesmas têm como meta, ganhar dinheiro. E isso é válido. Concordo plenamente. Afinal, a TV aberta não existe em função de filantropia. Aliás, negócios visam lucro. Também concordo. Por isso que as notícias são tratadas como atrativo à leitura e acesso às propagandas de produtos e serviços. Certa vez ouvi que as novelas eram meros intervalos entre os comerciais. Isso é o mercado. Também tem a minha concordância. No entanto, quando lemos ou ouvimos algo sobre qualquer assunto, divulgado pelas mídias, muitas pessoas levam isso como verdade absoluta e iniciam uma verdadeira guerra contra os discordantes. Provavelmente algumas pessoas desconhecem a prática de ver que toda moeda tem dois lados. Isso não é bom. Dia desses, no elevador, um vizinho me questionou sobre uma decisão do nosso síndico. Eu disse que concordava pelos motivos A e B. O vizinho discordou de mim, pelos motivos C e D. Concluí dizendo: tem razão. E mudamos o rumo da prosa. Eu discordei do vizinho, mas, detesto incentivar discussão. Prefiro a paz que a razão. Afinal, nada pior, em inúmeras situações, que ouvir um simples: não! E é a palavra que mais ouvimos na infância. “Mamãe, tem sorvete? Não. E vá dormir, antes que eu te dê uma surra”. Caso típico do argumento da autoridade. Sem réplica, sem antítese. Por sua vez: “Mamãe, tenho que sair agora da mesa de jantar. Menino, acabe de comer, senão apanha. Mãe, estou com diarreia. Vá logo então”. Caso claro de tese, antítese e síntese. A autoridade do argumento. Aproveito para homenagear Pedro Demo. Agora, nesta linda manhã nublada, vou abrir uma cerveja. Por quê? Porque eu quero! Caso encerrado. Viu, como se argumenta? Nem sempre é necessário “explicar” detalhadamente as decisões. Você já deve ter visto chefes, gestores, patrões, superiores, autoridades, apenas darem as ordens. E sem explicar. E, como sempre, a vida seguiu. E segue. Com cervejas! Geladas!

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares
Pesquisar