Inovação sustentável na Amazônia: valorização da floresta para o mercado global

A diversidade e união são marcas essenciais da formação do povo brasileiro, e, no campo empresarial, isso também se reflete. Um exemplo desse espírito é a empresa paraense ‘100% Amazônia’. Fundada em 2009 por Fernanda Stefani, paulista, e Joziane Alves, catarinense, a empresa se especializou em comercializar insumos e produtos obtidos a partir de matérias-primas amazônicas, atendendo indústrias dos setores alimentício, cosmético e farmacêutico.

Com uma linha de mais de 50 produtos derivados de 28 espécies botânicas da Amazônia, a ‘100% Amazônia’ tornou-se uma referência internacional. Entre os produtos mais comercializados estão a polpa de açaí orgânica congelada, superfrutas em pó, como acerola e guaraná, e óleos e manteigas de espécies como copaíba e cupuaçu. Com crescimento anual de 20%, a empresa já exportou para 65 países e conta com uma planta fabril de 8 mil metros quadrados em Abaetetuba, Pará, na qual atuam cerca de 60 funcionários.

Para viabilizar suas operações de modo sustentável, a empresa possui mais de 50 contratos firmados com cooperativas e associações de agricultura familiar. Joziane enfatiza a importância de valorizar as comunidades locais: “Se queremos manter a floresta viva e em pé, precisamos fortalecer quem está perto dela. São as comunidades tradicionais, a agricultura familiar e as populações indígenas que desempenham esse papel de guardiães.”

A empresa também se destaca por seu compromisso com a bioeconomia. A iniciativa ‘Arviamuru’ (que significa ‘poder da avó’ em nheengatu), lançada em 2016, foi criada para integrar as comunidades tradicionais em todas as etapas de produção, respeitando conhecimentos ancestrais e evitando práticas de manejo predatórias. Esse modelo é um exemplo claro do potencial econômico da bioeconomia na Amazônia Legal, que, apesar de ainda incipiente, tem o potencial de gerar dezenas de bilhões de reais por ano, conciliando uso responsável dos recursos naturais e desenvolvimento socioeconômico.

O negócio tem significativa importância quando se considera o potencial econômico da bioeconomia na Amazônia Legal, que, apesar de ainda incipiente, pode representar, nas próximas décadas, oportunidades incríveis para promover o desenvolvimento sustentável na região. Estimativas indicam que a bioeconomia na Amazônia tem o potencial de movimentar dezenas de bilhões de reais anualmente, com foco na utilização sustentável da biodiversidade e na geração de produtos e serviços de alto valor agregado.

O desenvolvimento sustentável com base na bioeconomia pode representar a chave para transformar a Amazônia em um polo de inovação e desenvolvimento, conciliando conservação ambiental, geração de riqueza e desenvolvimento socioeconômico.

Estudo revela propriedades bioativas do mel de açaí

O açaí é uma fruta extremamente versátil, pois praticamente todas as suas partes podem ser aproveitadas. A polpa, por exemplo, é amplamente utilizada em bebidas, sorvetes, doces e nas populares tigelas de açaí. As sementes, por sua vez, são reaproveitadas de forma sustentável, sendo utilizadas para a produção de biocombustíveis, compostagem e até mesmo no artesanato, na confecção de bijuterias e utensílios decorativos. Além disso, é possível extrair óleo do açaí, que é muito valorizado na indústria de cosméticos por suas propriedades hidratantes e regeneradoras. O fruto também pode ser transformado em farinha, vinho e até café.

Recentemente, uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), revelou que o mel produzido a partir do néctar da flor do açaizeiro, por abelhas africanizadas (Apis mellifera L.), possui altos níveis de compostos bioativos. Isso confere ao mel um grande potencial para a saúde humana, devido à sua elevada capacidade antioxidante. Comparado com outros tipos de méis do Brasil, o mel de açaí apresentou uma capacidade antioxidante quatro vezes maior do que o mel de aroeira, sugerindo que ele pode ser mais eficaz no combate ao estresse oxidativo, prevenindo doenças inflamatórias e até o câncer.

Atualmente, a produção de mel na Amazônia representa apenas 2% da produção nacional, mas há um enorme potencial de crescimento, que pode beneficiar milhares de famílias que vivem da apicultura na região. O açaí é, sem dúvida, um símbolo cultural e econômico do Norte, conectando pequenos produtores e grandes indústrias através de sua cadeia produtiva diversificada.

Portugal desenvolve tecnologia para produção de robalo em laboratório

O mercado alimentício mundial está em plena transformação, com tendências como carne cultivada e proteína vegetal ganhando espaço nos negócios e nas mesas de consumidores. Para engrossar o segmento, Portugal anuncia seus primeiros filetes de robalo produzidos em laboratório, desenvolvidos por uma equipe do Instituto Superior Técnico (IST) em parceria com o IPMA. Utilizando células pluripotentes e bioimpressão 3D, o projeto ‘CleanFish’ visa criar uma alternativa sustentável à pesca tradicional, replicando sabor e textura do peixe. Além de mitigar impactos ambientais, como desmatamento e emissões de gases, essa inovação promete aumentar a segurança alimentar global e reduzir a dependência de importações.

Essas iniciativas têm sido responsáveis por mudanças estruturais do setor e têm como objetivo reduzir os impactos ambientais, como o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa, além de oferecer soluções para a crescente demanda por alimentos de origem animal de forma mais ética e sustentável. A carne cultivada também pode ajudar a melhorar a resiliência econômica no setor alimentício.

Fazenda vertical revoluciona cultivo de morangos com IA

A aplicação da Inteligência Artificial (IA) na agricultura tem proporcionado grandes avanços, reduzindo custos e aumentando a produtividade. A IA permite maior precisão no monitoramento, gestão de riscos e uso eficiente de recursos naturais. Um exemplo marcante desse progresso é a inauguração da primeira fazenda vertical do mundo nos Estados Unidos, que utiliza IA para o cultivo de morangos em ambientes internos. Com uma área de aproximadamente 12 mil metros quadrados, a fazenda tem capacidade para produzir até 2 mil toneladas de morangos por ano.

O destaque dessa fazenda são suas torres de cultivo de 9 metros de altura, que otimizam o espaço vertical. A IA é usada para controlar fatores como temperatura, umidade e iluminação artificial, que simula a luz solar com precisão. O sistema de IA também analisa milhões de pontos de dados diariamente, garantindo um ambiente ideal para o crescimento saudável das plantas. Esse controle automatizado elimina incertezas climáticas, típicas da agricultura tradicional, permitindo uma produção mais estável e eficiente.

RÁPIDAS & BOAS

O ‘Santander X Acelera’, parceria inédita entre o Santander X e a empresa Distrito,  está com inscrições abertas até domingo (10/11) para aceleração de startups e PMEs (pequenas e médias empresas). Outras informações e o edital estão disponíveis por meio do link (https://tinyurl.com/mv33szmz).

 

Nos dias 12, 13 e 14/11, a partir das 13h, acontecerá no Hotel Mercure, em Adrianópolis,  a ‘1ª Conferência de Engenharia de Petróleo e Gás: Inovação e Sustentabilidade’, realizado pelos discentes do curso de Engenharia de Petróleo e Gás da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o evento reunirá especialistas para debater inovações e tendências na indústria, abordando temas essenciais para o setor.

 

O Programa ‘Onda Verde’, da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar do Amazonas (Seduc-AM) em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), oferece 1.580 vagas gratuitas em 8 cursos de qualificação para mulheres de 16 a 29 anos nos municípios de Careiro Castanho, Iranduba, Itacoatiara e Manaus. As inscrições vão até quinta-feira (14/11), nos horários das 8h às 11h e das 13h às 16h, nas Coordenadorias Estaduais de Educação em Careiro, Iranduba e Itacoatiara, e na Escola Estadual José Belarmino Lindoso, em Manaus.

O Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas (INPA) está com 12 vagas para o Mestrado em Ciências Biológicas (Biologia de Água Doce e Pesca Interior), sendo 9 regulares e 3 vagas suplementares para ingresso em março de 2025. O período de inscrição vai até sexta-feira (15/11). O edital pode ser consultado pelo endereço eletrônico (https://tinyurl.com/373434uz).

Cristina Monte

Cristina Monte é articulista do caderno de economia do Jornal do Commercio. Mantém artigos sobre comportamento, tecnologia, negócios.
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