A indústria elétrica e eletrônica encerrou 2024 com faturamento de R$ 226,7 bilhões, um crescimento (nominal e real) de 11% na comparação com 2023, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Todas as áreas representadas registraram alta no faturamento.
A produção física do setor apresentou aumento de 10,2% em relação ao ano passado, puxada principalmente pelo desempenho da área elétrica durante o ano. Os resultados de faturamento e produção contaram com uma base fraca de comparação (2023) visto no ano passado esses indicadores apontaram quedas de 6% e 11%, respectivamente.
Já o número de empregados em 2024 teve alta de 7%, encerrando o ano com 284,2 mil trabalhadores, 18,7 mil vagas a mais que no final de 2023 (265,5 mil trabalhadores).
De acordo com a Abinee, também os investimentos do setor eletroeletrônico apresentaram crescimento, de 10%, alcançando R$ 3,9 bilhões em 2024. Já a utilização da capacidade instalada passou de 73% em dezembro de 2023 para 79% no final de 2024.
“Os números do ano realmente nos surpreenderam. Nós não tínhamos essa expectativa”, afirma o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato. Ele pondera, porém, que os empresários estão apreensivos com a política fiscal do país e com a desvalorização cambial. “A preocupação é a de que a alta do dólar, agravada ainda mais neste final de ano, traga novos impactos nos custos de matéria-primas e componentes importados em 2025.”
Celulares
Outra preocupação da Abinee é a elevada participação do mercado irregular de celulares nas vendas do segmento. De cada 10 aparelhos comercializados no país, 2 são vendidos de forma irregular, ou seja, 20% do total.
“Durante o ano, conseguimos expor esse absurdo, atuando junto à mídia e aos órgãos responsáveis, o que contribuiu para intensificar o combate à ilegalidade no comércio de celulares, que entram no Brasil pelo descaminho e são distribuídos via marketplaces”, comenta Barbato. Segundo ele, foram tomadas uma série de medidas pela Anatel, Senacon, Polícia e Receita Federal e pelo Legislativo. “Mesmo com todos os esforços para conter essa prática, ela ainda é preocupante e demanda ações contínuas.”
Mercado externo
Outro destaque positivo de 2024 foram as exportações do setor, que apresentaram aumento de 4%, totalizando US$ 7,5 bilhões. Destacaram-se os crescimentos nas vendas externas de bens de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica – GTD (17%) e de Equipamentos Industriais (15%). Os motores e geradores foram os principais produtos exportados do setor, totalizando US$ 764 milhões, 17% acima do resultado de 2023. Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações, correspondendo a 26% do total do setor.
As importações cresceram 12%, somando US$ 47,9 bilhões. As áreas que apontaram as maiores taxas de crescimento nas importações foram Equipamentos Industriais (22%), Utilidades Domésticas (22%), Componentes Elétricos e Eletrônicos (19%) e Informática (18%). Individualmente, o produto mais importado foi o módulo fotovoltaico (US$ 2,7 bilhões), que ficou entre os dez produtos mais importados do Brasil. A maior parte (47%) das importações do setor é proveniente da China.
Dessa forma, o déficit da balança comercial totalizou US$ 40,4 bilhões, resultado 14% superior ao apresentado em 2023 (US$ 35,5 bilhões).
Perspectivas para 2025
Os principais indicadores da indústria eletroeletrônica deverão registrar no próximo ano incrementos mais discretos do que os verificados em 2024.
O faturamento do setor deverá somar R$ 241 bilhões em 2025, crescimento de 6% em relação a 2024, com taxas positivas em todas as áreas.
No próximo ano, a produção física do setor deverá crescer 5%. A previsão é de aumento também na mão de obra empregada no setor, que passará de 284,2 mil funcionários no final de 2024 para 290 mil no final de 2025. Já a utilização da capacidade instalada deverá se manter em 79%.
Os investimentos deverão totalizar R$ 4,2 bilhões, resultado 7% acima do verificado em 2024. A expectativa é de que as exportações continuem contribuindo com o desempenho do setor, com elevação de 3% e as importações cresçam 2%.